O que é o prócampo

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Laranjal do Jari, AP, Brazil
Somos acadêmicos da primeira turma de licenciatura em educação do campo no Amapá. Atuamos na educação em vários municípios do estado. Ribeirinhos, urbanos ou índios, mudamos a idéia de que o campo é lugar de atraso. Somos Prócampo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Infeliz dia do estudante


Hoje é o dia do estudante.

Lembrei do meu tempo no antigo IETA. O grêmio estudantil, as primeiras discussões sobre política de estado. A esperança podia ser vista nos olhos de nossos professores.

Hoje, espero o melhor de nossa juventude, porém, com mais informação, a formação desses jovens parece estar comprometida pela falta de atenção do poder público.

Hoje, é dia do estudante.

Em meu município, temos uma hidrelétrica em plena atividade e uma outra em construção, mas, triste destino, hoje e daqui a mais 6 (seis) dias não teremos energia elétrica. Não tivemos aula se quer normalmente pelo clima quente, pela falta d'água.

A juventude volta pra casa. Parece não perceber o que está perdendo.

Uma jovem, à alguns dias, pediu-me que escrevesse algo para que ela discursasse em um evento estadual como representante municipal da juventude. Eu pensei, e, se estivesse em seu lugar, diria o seguinte sem apontar um único culpado:

Manifesto da juventude ferreirense

Política publica é toda política efetiva que pode ser transformada em leis. Assim, em nosso estado temos noção de nossas necessidades, porem, ainda não temos ações efetivas capazes de garantir direitos básicos à cidadania.

Em Ferreira Gomes, não diferente do restante do país, a juventude está parada à espera de oportunidades que mudem a atual situação do município. Não temos praças de esportes, o que nos deixa ociosos e nos leva à formas indevidas de diversão: drogas, brigas, criminalidade;

Nossas escolas são lugares onde a educação não chega. Lugares sujos, inadequados, que não oferecem o mínimo de conforto no que diz respeito ao desenvolvimento humano. Lugares abandonados que não nos dão o prazer de freqüentar como era no tempo de nossos pais e avós. Nossas escolas não nos atraem.

Nossos professores não são valorizados. Não são ouvidos e, desmotivados, são desrespeitados até mesmo por nós. Hoje são pessoas comuns, já não são nossos exemplos a seguir, nossos super-heróis.

Em Ferreira Gomes a juventude está alheia a própria sorte. Passamos algum tempo na escola, ajudamos em casa e depois...

E depois?

Hoje temos em nosso quintal uma grande obra. Mas não é nossa, não é feita por nós, não fomos preparados para estar aqui. Não sabemos trabalhar! Passamos um tempo na escola e não atendemos o que o “mercado” quer.

Para o que estamos preparados? Para amadurecer, multiplicar e morrer?

Temos potencial! Mas é só.

Temos que virar pedreiros, carpinteiros, domésticas e, se der sorte, constituir família com alguém que venha “de fora”, assim, de maior sorte que nós.

Precisamos de educação, cultura, lazer, esporte, enfim, tudo que nossa constituição nos garante, mesmo que seja um pouco de cada vez. Tudo isso que não temos é nosso. Nos faz falta e, esperamos, que no menor período possível, nossos direitos sejam a nós entregues com troféu pelo que somos e pelo futuro que temos pela frente.

Nossos direitos já foram conquistados, só devem ser respeitados por quem elegemos, afinal, viver em um sistema democrático e justo também é um direito que temos.

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